Filantropia como meio para justiça social
Na próxima segunda-feira (20 de fevereiro) será celebrado o Dia Mundial da Justiça Social, uma data declarada pela ONU, que convida a todos a uma reflexão sobre a importância do fortalecimento da solidariedade global e do diálogo para superarmos barreiras e gerarmos oportunidades no combate às desigualdades. Essa data e esse pensamento vão ao encontro das atividades do Movimento Bem Maior, que nasceu, justamente, acreditando na filantropia como sendo uma força motriz para que a justiça social se estabeleça de maneira profunda no Brasil.
Quando falamos conceitualmente sobre esse tipo de justiça, estamos nos referindo a um compromisso, que os integrantes da sociedade civil e os governos devam ter, de compensar o desequilíbrio social e de assegurar a igualdade de direitos. O filósofo norte-americano John Rawls (1921-2002), autor de “Uma Teoria da Justiça” (uma das obras mais importantes de filosofia do século 20), buscou em seus trabalhos entender como uma sociedade justa pode ser construída.
Para alcançarmos a equidade, Rawls apontou a necessidade da garantia das liberdades fundamentais e da igualdade de oportunidades, com as disparidades sendo apenas aceitáveis se forem para ajudar os mais desfavorecidos.
Quando observamos a realidade atual do Brasil e de várias outras nações, infelizmente, vemos como o desequilíbrio é brutal, com as populações sofrendo por causa de crises econômicas, corrupção, conflitos armados, desastres e tantos outros fatores. Nesse contexto, o Dia da Justiça Social significa um novo chamado por mobilização em torno de iniciativas que busquem dar respostas em níveis regional, nacional e global.
Uma forma eficiente de resposta nessa missão pela justiça social é a ação de apoiar e investir em filantropia estratégica, o que fortalece as organizações da sociedade civil para que elas tenham condições de se prepararem, de se estruturarem e de agirem para alcançar a transformação sistêmica.
A filantropia – apoiada pelo investimento social privado (que é a mobilização de recursos privados para fins públicos, feita de maneira planejada, monitorada e sistemática) – consegue atuar como um catalisador de mudanças para uma sociedade mais digna.
Para isso ocorrer, é fundamental que as instituições recebam suporte necessário para dar passos além de projetos pontuais e caminhar firmes, com planejamento de longo prazo e intencionalidade, na direção das raízes dos problemas.
Quando uma organização consegue desenvolver, por exemplo, uma solução que promova a produção de alimentos de forma sustentável e adequada ao semiárido, o resultado pode ser transformador, pois a região beneficiada ganha no aumento de produção para subsistência e geração de renda. Ao apoiar um projeto como este, estrategicamente em seu propósito, a sociedade civil torna a transformação sistemática uma realidade.
Encarar a filantropia estratégica dessa forma, como meio para a justiça social, é uma prática que se materializa na atuação do Movimento Bem Maior. Como organização financiadora, apoiamos com recursos financeiros e expertise, além de construirmos pontes entre iniciativas, utilizando metodologias que objetivam impacto social positivo e permanente na qualidade de vida em uma grande proporção de brasileiros.
O foco em gerar a transformação está presente nas etapas do trabalho do Movimento Bem Maior, seja na definição de causas prioritárias, seleção das iniciativas e acompanhamento de resultados. Por exemplo, uma das práticas adotadas nos processos de investimento social, é a curadoria e o compartilhamento de experiências de sucesso para que projetos com potencial de escala possam ampliar o impacto e tornar-se referência para o desenvolvimento de políticas públicas.
Que a reflexão trazida pelo Dia Mundial da Justiça Social atraía mais integrantes da sociedade para a luta por um Brasil de equidade. As causas a atuar são complexas e diversificadas, mas, somando os esforços, estamos no caminho certo para reduzir as desigualdades sociais e garantir a igualdade de direitos.