Dia Internacional da Erradicação da Pobreza: é hora de agir
Você sabia que esta segunda-feira, 17 de outubro, é o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza? Nesta data, em 1987, mais de 100 mil pessoas se reuniram em Paris, na França, em uma manifestação para protestar contra a pobreza e para apontar a situação das vítimas como sendo uma violação dos direitos humanos. Cinco anos depois, uma Assembleia-Geral das Organizações das Nações Unidas, por meio de uma resolução, também definiu essa data para a defesa da causa.
Segundo a ONU, a pobreza não envolve somente a carência de recursos e de rendimento que asseguram meios de subsistência sustentáveis. Estão incluídos também a fome, a desnutrição, o acesso limitado à educação e a outros serviços básicos, a discriminação, a exclusão social e a falta de participação na tomada de decisões.
A erradicação da pobreza é o objetivo número 1 da ONU no plano de desenvolvimento sustentável de ação global da Agenda 2030. A meta é eliminar até aquele ano a pobreza extrema em todos os lugares. No entanto, o Banco Mundial constatou que os avanços para isso estão estagnados e que é improvável que o planeta consiga atingir essa meta se o panorama não mudar nos próximos anos.
Um novo relatório do Banco Mundial trouxe números atualizados sobre a situação, e a nova linha de pobreza extrema global foi ajustada para US$ 2,15 por dia (em vez do valor de US$ 1,90, que era usado, inclusive, pela ONU), mudança adota para refletir os últimos dados de paridade de poder de compra de 2017. A linha da pobreza em países de renda média-alta, como o Brasil, foi estabelecida em US$ 6,85 por dia, e não mais em US$ 5,50.
De acordo com o relatório da instituição, a pandemia levou cerca de 70 milhões de pessoas à pobreza extrema em 2020, a maior alta em um ano desde o começo do monitoramento em 1990. Outra estimativa que assusta é a de que cerca de 600 milhões de pessoas enfrentarão dificuldades para viver com menos de US$ 2,15 por dia até 2030.
No Brasil, estudos também mostram que o problema é gigantesco e que é necessário agir já para reverter a situação. A pesquisa Mapa da Nova Pobreza sobre 2021, da Fundação Getúlio Vargas, registrou o maior número de pobres no país desde o começo da série histórica em 2012.
A pesquisa apontou que 62,9 milhões de brasileiros – cerca de 29,6% da população – viviam com renda domiciliar per capita de até R$ 497 mensais, valor que correspondia à linha internacional de pobreza de US$ 5,50 diários. Para fazer um paralelo entre os anos de 2019 e o de 2021, houve um aumento de 9,6 milhões de pobres.
É realmente muito difícil imaginar como é possível viver em condições tão desfavoráveis em um país como o Brasil. O evento Legado, organizado pelo Movimento Bem Maior e pelo banco Santander em abril, divulgou, por exemplo, que 55% dos brasileiros viviam com algum tipo de insegurança alimentar e que 73% das casas não tinham esgoto tratado.
Todos esses números mostram que o país e o planeta precisam da filantropia para superar esses desafios imensos. Sociedade civil, empresas e governos devem se unir na luta para erradicar a pobreza. Como a própria ONU diz, é necessário “garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de fontes, inclusive por meio do reforço da cooperação para o desenvolvimento” para que os países “implementem programas e políticas para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões”.
A filantropia exerce um papel fundamental de descobrir soluções inovadoras, que possam ser adaptadas pelo poder público para multiplicar o impacto. Exemplos de iniciativas sensacionais não faltam para apoiar essa causa.
Você consegue imaginar se fossem levados a todas as cidades do Brasil projetos como os da organização Gerando Falcões, que atuam para transformar as favelas em ambientes dignos, digitais e desenvolvidos? E se fosse replicado o trabalho do IPTI (Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação) que busca inovações para promover o desenvolvimento humano, com tecnologias sociais? E se as pessoas se inspirassem nas ações do Instituto Madeira da Terra que geram renda para as mulheres do sertão nordestino e que preservam a diversidade da fauna e flora? Com certeza, seria uma revolução nas comunidades.
A hora é de união para virarmos esse jogo e que a erradicação da pobreza não seja apenas um objetivo de um plano da ONU, mas seja a meta real de todos.