Movimento Bem Maior

30 mar 2022

3ª edição do Diálogos do Movimento Bem Maior reúne membros do Giving Pledge e aborda filantropia como escolha de vida

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Doação como visão de vida para melhorar o mundo, e não como uma simples caridade. Não esperar para doar, pois quem pratica em vida vê os efeitos da ação e vivencia um sentimento especial. Tornar pública a decisão de contribuir para que o gesto possa servir de incentivo a mais gente. 

Esses e muitos outros assuntos foram destaques na 3ª edição do Diálogos do Movimento Bem Maior, que contou com uma conversa inspiradora com os quatro doadores na América Latina que fazem parte do pacto The Giving Pledge (Promessa de Doação) – um compromisso que incentiva as pessoas e famílias com grandes fortunas em todo o mundo a doar com uma parte significativa de sua riqueza para causas sociais. 

Os participantes são dois casais. Um é formado pelo cofundador do Movimento Bem Maior e fundador da Cyrela, Elie Horn, e pela sua esposa, Suzy Horn – eles assinaram o pacto em 2015. O outro é composto por David Vélez, um dos fundadores do Nubank, e Mariel Reyes, fundadora da startup {reprograma}, que fizeram a promessa no ano passado.

Os quatro, reunidos de forma online, falaram sobre a cultura de doação, as suas experiências pessoais e um pouco da visão de mundo que possuem. A empreendedora e ativista Monique Evelle foi a mediadora do encontro. O evento teve como tema “filantropia como escolha de vida” e pode ser assistido no YouTube do Movimento Bem Maior.

David Vélez, que é colombiano, contou que ele e sua esposa, peruana, tomaram a decisão de doar massivamente pensando em algumas questões: a vida é finita, gastar o dinheiro simplesmente por gastar não traz felicidade, deixar a fortuna inteira como um “cheque em branco” de herança não faria bem para os seus filhos e que há a necessidade urgente de ajudar a melhorar a vida das pessoas pelo mundo.

Ao doar, ele percebe o quanto é verdadeiro um antigo ensinamento que a sua mãe lhe deu quando ainda era criança. Ela falava que “dar é melhor que receber”. “Realmente, a satisfação em dar algo para alguém, em ajudar alguém que está precisando, cria uma satisfação maior do que a de simplesmente receber”, disse David. “Que oportunidade legal é a de você conseguir envolver o seu tempo e o seu dinheiro para ajudar as pessoas”, exaltou.

David e Mariel escolheram entrar para o Giving Pledge de forma pública, e não realizar as contribuições de maneira anônima. Após a divulgação das suas assinaturas no pacto, o casal se surpreendeu com o número de pessoas que a eles manifestaram o desejo de um dia também poder doar grande parte da fortuna.

Mariel criou e atua como CEO da startup {reprograma}, uma iniciativa de impacto social no Brasil que foca em ensinar programação para mulheres cis e trans sem recursos ou oportunidades. Ela espera que, por meio de todo o trabalho filantrópico do casal e dos resultados positivos que serão colhidos ao longo dos anos, o exemplo deles possa incentivar a arraigar o hábito da doação na América do Sul. 

“Para tentar fazer essa mudança cultural e comportamental, sinto que o papel que a gente possa ter seja através do nosso ato e de mostrar realmente as ações e os resultados na vida de quem foi beneficiado”, disse Mariel.

A importância de divulgar as doações e o bem gerado por meio delas também foi um dos assuntos comentados por Suzy Horn. Ela disse que tanto o seu marido, Elie, como ela sempre foram pessoas discretas, mas passaram a falar mais publicamente sobre doações para servir de estímulo. “Chegou um momento em que muitas pessoas falavam para ele contar a história dele, fazer outros se inspirarem nessas histórias. Aí, ele topou a ideia”, declarou Suzy.

Elie, que nasceu na Síria, viveu no Líbano e ainda menino veio para o Brasil, espelhou-se na sua família para espalhar o bem. “Meu pai tinha pouco, mas, quando morreu, doou 100% para a caridade. Foi o melhor mentor que tive na vida. Ensinou-me o caminho a seguir.”

O empresário destacou que as pessoas precisam encarar a generosidade como uma visão de vida, como um investimento em melhorar o mundo, diferentemente de olhar o tema como uma mera ajuda como caridade. Ele lamentou que muitos empresários tenham receio em destinar um valor maior à filantropia. 

“As pessoas recusam e têm medo em doar mais dinheiro. Doam pouco e acham que estão em paz com a consciência”, afirmou Elie, que enfatizou que não vai esmorecer na tarefa de tentar convencer outros bilionários a doar parte da riqueza que acumularam. “Não vou desistir nunca!”, afirmou.

A 3ª edição do Diálogos do Movimento Bem Maior terminou com a mediadora Monique Evelle deixando um recado para quem acha que o assunto debatido no encontro ainda está muito distante do seu mundo. “Se acostumem a dar certo porque a revolução está começando, e a gente não vai para trás”, declarou.

 

Leia também: Não consigo gastar todo dinheiro, por mais criativo que seja, diz CEO do Nubank

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