Rubens Menin: “A força da união de todos juntos é imbatível”
Empresário tem usado a sua força de trabalho para ajudar as pessoas através de projetos sociais.
Por Osvaldo Lyra
Cofundador da MRV Engenharia, fundador da CNN Brasil e fundador do Banco Inter, o empresário mineiro Rubens Menin tem usado a sua força de trabalho para ajudar as pessoas através de projetos e trabalhos sociais. Para ele, a “filantropia foi muito aguçada” nessa pandemia. “Acredito muito que a filantropia muda o mundo”. Ao falar sobre as prioridades que o próximo presidente da República deverá ter no Brasil, Rubens Menin diz que os esforços devem ser feitos para unir o país. “Nós precisamos unir a nação. Nós temos que ter um projeto de nação. Só assim a gente começa a mudar”. Ao avaliar o déficit habitacional que acomete os brasileiros, o empresário diz que o país precisa construir nos próximos 20 anos 35 milhões de casas para sua população. Confira:
O senhor é cofundador da MRV Engenharia, fundador da CNN Brasil, fundador do Banco Inter e tem usado a sua força de trabalho muito para ajudar as pessoas através de projetos e trabalhos sociais. Como o senhor decidiu se dedicar à causa filantrópica?
Na realidade, é o seguinte, não tem uma data exata, não. Eu acho que a filantropia está dentro da gente desde que a gente nasce. E ela vai acontecendo aos poucos, ela vai tomando conta… Eu falo que filantropia é igual a droga, vicia. Eu acho que a filantropia foi muito aguçada nessa crise que nós estamos vivendo agora, a solidariedade na pandemia foi muito grande. Então ela está passando por um momento de muita divulgação no Brasil e no mundo. Eu acredito muito que a filantropia muda o mundo, está mudando o mundo e ainda vai mudar ainda mais. Então eu acho que as pessoas não imaginam a força que elas têm de poder mudar o mundo, e muito rápido, sabe, Osvaldo? Quando todo mundo dá as mãos, quando todo mundo ajuda um pouquinho, é uma força enorme. Não adianta ter uma pessoa com muita ajuda, mas a força da união de todos juntos é imbatível.
O senhor é um dos fundadores do movimento Bem Maior que tem a missão de fomentar a filantropia no Brasil. Além de sensibilizar, engajar e mobilizar recursos, esse movimento e o senhor apoiaram diversas iniciativas ao longo da pandemia. Como o senhor viu e viveu esse período que estamos atravessando hoje?
Eu respondo de duas formas. A primeira é o seguinte, vou falar um pouco do movimento Bem Maior. O movimento Bem Maior surgiu para ser um instrumento de convencimento das pessoas a doarem mais, e que isso seja a grande revolução na filantropia no Brasil. O Brasil é um país… A sociedade brasileira é muito boa, muito solidária, mas ela ainda tem pouco hábito de doação. A filantropia no Brasil infelizmente ainda tem números muito baixos. É só 0,2% do nosso PIB. Muito pouco. Em países mais desenvolvidos como os Estados Unidos é 2% do PIB, na Inglaterra 1,7%. Então a gente quer aumentar esse valor do PIB. Para isso, evidentemente as pessoas têm que fazer doações, mas é importante que toda a população se engaje nesse movimento. Em segundo, quando a gente fez o Bem Maior, a gente sabia que tem coisas que são urgentes nesse Brasil, mazelas, infelizmente, e que esses números são grandes. E a gente não vai conseguir resolver tudo, vamos tentar, podemos, num primeiro momento, tentar melhorar isso. Eu achava, quando a gente fundou o Bem Maior, que o mais importante seria doação em dinheiro. O Bem Maior se divide em dois pilares. Um é doação e projetos: eu te dou o dinheiro e você faz projetos. Estão fazendo projetos maravilhosos, tem uma série de projetos e que realmente fazem a diferença na vida das pessoas, mudam pra melhor. Mas hoje eu estou convicto que talvez o segundo pilar, que é o convencimento da sociedade para doação, seja o pilar mais importante para a sociedade. Por isso que eu vejo que esse tipo de discussão que estamos tendo agora é muito proveitosa e a gente faz com muito prazer, porque cada degrau que a gente vai subindo é uma vitória que a gente vai conseguindo, é uma batalha que a gente vai ganhando. E uma guerra se ganha com diversas batalhas. Então vamos convencer a sociedade da importância da filantropia. Isso vai fazer a diferença.
O brasileiro é um povo generoso ou o senhor acredita que a pandemia mostrou as pessoas mais individualistas e mais egoístas?
Eu acho o brasileiro muito generoso, e já provou diversas vezes. O brasileiro é um povo que é amigo, caloroso, solidário. Quando eu falo em filantropia, é porque nós precisamos botar a filantropia na vida do brasileiro. É apenas questão de cultura. Mas eu não tenho dúvidas de que o brasileiro é um povo muito generoso.
Além da filantropia, o senhor se destaca como um dos maiores empresários do Brasil, com negócios em várias áreas. No mercado imobiliário, por exemplo, o senhor foi um dos fundadores da MRV, que se tornou a maior incorporadora da América Latina. Como o senhor avalia hoje o mercado imobiliário no Brasil?
O Brasil é um país que dá muitas oportunidades. É um país continental, com mais de 200 milhões de habitantes, com muita coisa a ser feita nesse país. Nós estamos falando de moradia. Moradia é um dos pilares da economia brasileira. Mas tem muita coisa. Eu vi o caso do Banco Inter, do banco digital. Nós abrimos aqui 700 mil contas em um dia. Isso em 10 dias acabava a população de Portugal. No Brasil você tem muito chão pra fazer, então eu digo que o Brasil é um país de oportunidades. E por isso que eu também acho que da mesma forma que dá oportunidade, a gente tem que voltar um pouco para a sociedade aquilo que o Brasil dá para a gente. Para ser justo. É aquilo que hoje está muito na moda que é ESG, os três pilares: “environment” que é meio ambiente, “social” que é social, e “governance” que é a governança da empresa. Então eu acho que faz parte desse conjunto de ESG as empresas aproveitarem que têm essa chance num país como o Brasil, um país que com certeza vai ser uma nação rica, a gente espera que o mais rápido possível, mas que a gente de alguma forma possa também retornar um pouco para a sociedade.
Confira a entrevista na íntegra no site do Jornal A Tarde.